ENTENDENDO A HANSENÍASE
A Hanseníase, antigamente conhecida como Lepra, é uma doença infecciosa e contagiosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou Bacilo de Hansen. É uma das doenças mais antigas, com registro de casos há mais de 4000 anos, na China, Egito e Índia. A doença tem cura, mas, se não tratada, pode deixar sequelas.
Hoje, em todo o mundo, o tratamento é oferecido gratuitamente, visando que a doença deixe de ser um problema de saúde pública. Atualmente, os países com maior detecção de casos são os menos desenvolvidos ou com superpopulação. Em 2016, o Ministério da Saúde registrou no Brasil mais de 28.000 casos novos da doença. A doença tem alto potencial incapacitante e ainda é endêmica no Brasil.
Como posso ter Hanseníase ?
A hanseníase não é hereditária. A transmissão do M. Leprae se dá por meio de convivência muito próxima e prolongada de uma pessoa saudável com pessoas doentes, que não se encontram em tratamento, por contato com gotículas de saliva (tosse, espirro, fala) ou secreções do nariz. Quase sempre ocorre entre contatos domiciliares, geralmente indivíduos que dormem num mesmo quarto. Pode atingir crianças, adultos e idosos, desde que tenham um contato intenso e prolongado com bacilo. Tocar a pele do paciente não transmite a hanseníase.
O Mycobacterium leprae ou Bacilo de Hansen, é capaz de infectar um grande número de pessoas, mas poucos adoecem. Cerca de 90% da população têm defesa contra a doença, isto é, têm resistência ao Bacilo de Hansen, causador da Hanseníase, e conseguem controlar a infecção sem sintomas. Após 15 dias de tratamento os portadores já não transmitem mais a lepra.
O período de incubação (tempo entre a aquisição a doença e da manifestação dos sintomas) varia de seis meses a cinco anos. A incubação, excepcionalmente longa (vários anos), explica por que a doença se desenvolve mais comumente em indivíduos adultos, apesar de que crianças também podem ser contaminadas.
A Hanseníase possui várias formas de manifestações com características próprias. As formas contagiantes são: a lepromatosa / virchowiana / multibacilar e a limítrofe/borderline.
Como é a doença ?
A maneira como a Hanseníase se manifesta varia de acordo com a genética de cada pessoa.
Um dos primeiros efeitos dada doença, devido ao acometimento dos nervos, é a supressão da sensação térmica, ou seja, a incapacidade de diferenciar entre o frio e o quente no local afetado. Mais tardiamente pode evoluir para diminuição da sensação de dor no local.
A lepra indeterminada é a forma inicial da doença, e consiste na maioria dos casos em manchas de coloração mais clara que a pele ao redor, podendo ser discretamente avermelhada. A pele também pode ter alteração da sensibilidade e o paciente não sente (ou tem sensibilidade diminuída) calor, frio, dor e mesmo o toque.
Se a Hanseníase nesta fase não é diagnosticada ou tratada, ela pode evoluir para as outras formas e apresentar outros sintomas.
É comum ter sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades (pés, mãos) e em algumas áreas pode haver diminuição do suor e de pelos sobre as manchas.
Atenção: o paciente pode ter dificuldades para segurar objetos, pode queimar-se e não sentir ou, por exemplo, perder os chinelos sem perceber. A doença pode provocar o surgimento de caroços e placas em qualquer local do corpo e diminuição da força muscular.
A partir do estado inicial, a lepra pode então permanecer estável (o que acontece na maior parte dos casos) ou pode evoluir para lepra tuberculóide ou lepromatosa, dependendo da predisposição genética particular de cada paciente. A lepra pode adotar também vários cursos intermediários entre estes dois tipos de lepra, sendo então denominada lepra dimorfa.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA HANSENÍASE
Critérios para diagnóstico de Hanseníase segundo a OMS
O diagnóstico, na maioria das vezes, é clínico, onde são analisado lesões na pele com manchas e alterações neurológicas específicas (dormências e formigamentos). As vezes, é necessário um exame de baciloscopia, que corresponde à coleta da serosidade cutânea, colhida em orelhas, cotovelos e da lesão de pele, e ainda pode ser realizada biópsia da lesão ou de uma área suspeita.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) define um caso de Hanseníase como “uma pessoa que apresenta um ou mais dos critérios listados a seguir, com ou sem história epidemiológica e que requer tratamento quimioterápico específico:
1 – Lesão ou lesões de pele com alteração de sensibilidade;
2 – Espessamento de nervo periférico;
3 – Baciloscopia positiva para M. Leprae (porém a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da hanseníase
Como é o Tratamento ?
O serviço público de saúde em todo o Brasil oferece gratuitamente o tratamento.
Importante: todas as pessoas que convivem ou conviveram com o paciente de Hanseníase devem ser examinadas.
A hanseníase tem cura. Quanto mais cedo o tratamento, menores são as agressões aos nervos e é possível evitar complicações. Pode causar incapacidade ou deformidades quando não tratada ou tratada tardiamente, mas tem cura.
O paciente que inicia o tratamento não transmite a doença a familiares, amigos, colegas de trabalho ou escola.
O tratamento da Hanseníase é simples. Em qualquer estágio da doença, o paciente recebe gratuitamente os medicamentos para ingestão via oral. Os medicamentos destroem os bacilos. O tratamento leva de 6 meses a 1 ano. Se seguir o tratamento cuidadosamente, o paciente recebe alta por cura.
JANEIRO ROXO
Em 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e consolidou a cor roxa para campanhas educativas sobre a doença. O janeiro roxo: mês de conscientização sobre a Hanseníase.
Segundo a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), instituição responsável pela campanha, a doença coloca o Brasil em segundo lugar no número de casos, que nesse ranking perde apenas para a Índia.
A lepra ataca hoje em dia ainda mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo. Há 700.000 casos novos por ano no mundo. No entanto em países desenvolvidos é quase inexistente, por exemplo a França conta com apenas 250 casos declarados.. Estima-se que seja entre 2 e 3 milhões o número de pessoas severamente incapacitadas pela lepra em todo o mundo.
O Brasil foi o único país das Américas que não conseguiu a meta de reduzir o número de novos casos para menos de 1 em cada 10.000 pessoas, prejudicando a erradicação nos países vizinhos.
Sempre procure o seu médico. Seja para uma consulta de rotina ou por algum sinal ou sintoma suspeito.
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